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Insuretech Connect 2017: o que vi , ouvi e aprendi

Após três dias intensos em Las Vegas, chego ao Brasil e fico sabendo do horrível massacre que vitimou dezenas e feriu centenas de inocentes que estavam apenas participando de um festival de música. Pode parecer que não temos muito a fazer quando nos deparamos com situações trágicas como essa, no entanto, o fato de atuarmos na área de seguros nos dá o privilégio de poder contribuir em diversas frentes. Por mais verossímil que seja acreditar que a tecnologia resolverá todos nossos problemas, pude confirmar nesta enorme conferência para 3.800 pessoas o que acredito piamente: o ser humano deve estar no centro do que fazemos.

Na busca das maravilhas que podemos conquistar por meio do uso de tecnologia, as principais tendências observadas no evento estão ligadas à coleta e ao uso de grandes bases de dados. Temos uma proliferação absurda de sensores capazes de capturar uma quantidade brutal de dados a respeito de tudo. Paralelamente, pude notar que a natureza do risco em si está mudando, passando das pessoas para as máquinas. E que dentro desse contexto existem focos de preocupação crescentes associadas aos riscos advindos de incertezas geopolíticas, tais como: mudanças climáticas, terrorismo e crimes cibernéticos.

Quanto à postura das grandes seguradoras em relação ao advento das insurtechs, verifiquei uma significativa mudança de rota. Ao invés de tentar competir ou eliminar as start-ups, as seguradoras estão buscando estabelecer parcerias com elas. Fica claro que se não for impossível criar operações inovadoras dentro de empresas tradicionais solidamente estabelecidas, é extremamente moroso e não necessariamente mais eficaz do que se associar a uma empresa mais enxuta, ágil e com foco centrado numa questão específica. Por outro lado, insurtechs de sucesso têm sido aquelas que não optam por criar soluções incríveis para problemas inexistentes, e sim as que buscam achar primeiramente os problemas reais e cotidianos das seguradoras.

Quanto aos produtos e serviços de seguros em geral, as pessoas buscam algo que contemple elementos, normalmente, fora da indústria de seguros atual, isto é, o padrão de comparação deixou de ser o seguro em si e passou a ser a experiência obtida em empresas. Os consumidores estão em busca de produtos simples, de empresas que agem proativamente no sentido de maximizar a satisfação do cliente em todo o processo, desde a compra, sinistro, passando pela prestação de serviço em si, chegando até a renovação da apólice. A conclusão é que as empresas precisam recalibrar seu olhar, mudando do foco interno para o externo, isto é, pela ótica do cliente. Fica evidente que a chave do sucesso é passar a resolver os problemas dos clientes e não os problemas dos produtos e serviços.

No que tange o papel do corretor neste mundo digital, reforço a tese que a categoria não deixará de existir, mas precisará revisar seu papel. Os corretores sobreviventes serão aqueles que deixarão a tecnologia como protagonista no âmbito de gerenciamento de atividades processuais e passarão a assumir o papel crucial de consultores de risco para seus clientes. Vale mencionar que os corretores do futuro deverão ajudar as seguradoras em questões ligadas a aceitação de risco e precificação em circunstâncias nas quais as máquinas não têm a capacidade de interligar fatos.

A conclusão que chego é que vivemos um momento fascinante tanto para as seguradoras, como para as insurtechs e, principalmente, para os clientes. Oportunidades estão por todos os lados, especialmente com o intuito de melhorar a experiência do cliente com a indústria de seguros.

Trechos do conteúdo desenvolvido pelo coordenador da Comissão de Tecnologia, Marcelo Blay, que é composta por André Rodrigo Villela, José Cesar Caiafa Junior, Marco Antonio Damiani, Rogério Ramires Rosa de Lima e Victor Hugo Martinez Prosperi.

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