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Atendimento na tragédia no Litoral Norte dá visibilidade ao seguro

Corretores de seguros e seguradoras se unem para dar suporte aos bens e, principalmente, às pessoas

Por Thaís Ruco

É em momentos difíceis, durante os sinistros, que o seguro se torna tangível para a maioria das pessoas. Assim como aconteceu na pandemia, situações de crise e catástrofes tendem a fortalecer a cultura da contratação, e, graças à excelência na prestação de serviços, a positiva divulgação. Por isso, muitas vezes o que as empresas ganham com a visibilidade das marcas e a geração de novos contratos é bem superior às perdas.

O Litoral Norte de São Paulo é conhecido por suas belas praias e pelo turismo intenso, porém foi palco de uma tragédia para a população local e turistas que estavam visitando a região no feriado de Carnaval. Uma grande tempestade atingiu a área, causando enchentes e deslizamentos de terra que deixaram muitas vítimas e um rastro de destruição nas quatro cidades da região, incluindo Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba.

O município que mais sofreu com a tragédia foi São Sebastião, principalmente na costa Sul, entre as praias do Cambury, Barra do Sahy e Juquehy. Foram mais de 50 mortes, além de muitos desabrigados que perderam tudo na tragédia. Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o volume de chuvas entre os dias 18 e 19 de fevereiro no Litoral Norte foi o maior já registrado em 24 horas na história do país. Só o pluviômetro de Bertioga registrou 683 milímetros acumulados no período.

As empresas de seguros se uniram para prestar assistência tanto aos seus segurados como também aos não-segurados, devido à urgência humanitária causada pelas chuvas na região litorânea. “Mais uma vez, corretores e seguradoras mostraram o valor de sua atuação. As companhias entregaram um excelente atendimento de assistência 24 horas. Nós, corretores, tivemos um Carnaval de bastante trabalho, com segurados ligando para nossos celulares, e não medimos esforços para ajudar”, comenta o presidente do Sincor-SP, Boris Ber. “Demos suporte até mesmo emocional, muita gente nervosa, buscando ajuda ao seu veículo, residências que eram seguradas e mesmo aquelas que podiam não ser, mas precisavam ser reguladas na situação”, relata.

Em desastres socioambientais, é comum que a compreensão da população sobre a importância do setor cresça. “Isso ocorre porque esses eventos podem afetar significativamente a vida das pessoas, incluindo a perda de bens materiais e a necessidade de assistência financeira para se recuperar dos danos causados pelo acidente”, afirma Marcelo Sebastião, diretor de Assistência e Sinistros da Porto.

“Neste caso do Litoral Norte especificamente, sabemos que não temos como diminuir a dor de quem perdeu um ente querido, mas fizemos tudo para amenizar o sofrimento material de nossos segurados e da população. Isso termina chamando a atenção para a importância de ter a proteção de um produto de seguro”, ressalta Adilson Lavrador, diretor Executivo de Operações, Tecnologia e Sinistros da Tokio Marine Seguradora.

A conscientização se dá por meio da necessidade da população em se reinventar após uma situação trágica. “A conscientização com foco educacional sobre o seguro, tipos, coberturas podem contribuir para uma mudança de mentalidade por parte das pessoas”, acrescenta Leandro Bordon, diretor de Operações e Sinistros da HDI Seguros.

“Um seguro residencial ou de automóvel contribui para minimizar as perdas financeiras e patrimoniais nesse momento e possibilita que a pessoa afetada possa se reestabelecer mais rapidamente”, diz Marcio Probst, diretor de Sinistros da Liberty Seguros. “Também ficou clara a importância de ter equipes preparadas para realizar atendimentos de diversos ramos de seguros, como automóvel, vida e residência”, completa.

As empresas ganharam evidência em diversas publicações na imprensa e redes sociais. O Sincor-SP também teve a oportunidade de dar entrevistas, sendo uma para a Jovem Pan que teve grande repercussão. “Muita gente se arrependeu de não ter o seguro da sua casa e do seu veículo como deveria”, frisa Boris Ber.

 

A conscientização pode se dar por alguns motivos:

Necessidade de cobertura de seguro: após um desastre, muitas pessoas podem perceber a importância de ter um seguro para proteger seus bens e patrimônio contra danos decorrentes de chuvas, enchentes e suas consequências, como queda de árvores, vendaval e outros.

Maior compreensão sobre as coberturas de seguro: em alguns casos, as pessoas podem perceber que têm um seguro, mas não sabem quais são as coberturas e os benefícios que o seguro oferece. Após um desastre, as pessoas podem se conscientizar sobre a necessidade de entender melhor as coberturas de seguro disponíveis para garantir que estejam devidamente protegidas em caso de futuros eventos adversos.

Aumento da demanda por seguros: após um desastre, é comum que as pessoas percebam a importância de ter um seguro e aumente a demanda por serviços de seguros.

 

Atuação exemplar

As companhias tiveram atuação exemplar nesta tragédia. De acordo com Marcelo Sebastião, a Porto enviou mais de 130 viaturas para os locais afetados pelas fortes chuvas no Litoral Norte de São Paulo, dentre elas, veículos especiais aquáticos (marruás e moto aquática), guinchos, motocicletas e pick-ups.

A Porto criou dois bolsões para concentrar os veículos de alagamentos, situados no quilômetro 40 da Rodovia Anchieta e na Riviera de São Lourenço. Também foram erguidas em caráter emergencial algumas tendas de apoio, que ficaram disponíveis durante as atividades. As operações percorreram Guarujá, Bertioga, Maresias, Juquehy e São Sebastião, e contaram com o suporte de inúmeros profissionais na administração da operação. “Realizamos mais de 2.900 serviços de remoção e mais de 700 serviços de táxis (número oito vezes maior que o já estimado para o feriado)”, comenta Marcelo Sebastião.

A Tokio Marine também adotou uma série de ações para ajudar corretores, clientes e a população do Litoral Norte de São Paulo. “Além de medidas emergenciais, a companhia também agilizou o processo de sinistros para efetuar o pagamento imediato das indenizações”, conta Adilson Lavrador. “No total, atendemos quase 1,2 mil solicitações relacionadas a veículos segurados pela Tokio Marine em sete praias do litoral paulista”, revela.

A HDI recebeu mais de 500 chamados, sendo a grande maioria relacionada ao seguro auto. “Já no dia 19 de fevereiro, a companhia tomou as primeiras providências, com o intuito de agilizar os atendimentos de sinistros ocorridos em diversas cidades”, conta Leandro Bordon.

Já a Liberty atendeu cerca de 350 acionamentos de assistência para seguros de automóveis e mais de 20 chamados de clientes que têm seguros residenciais nas regiões mais atingidas pelas chuvas. “A Liberty também mobilizou toda a equipe para realizar os atendimentos emergenciais e, inclusive, enviou veículos e guinchos da capital e outras regiões para apoiar os prestadores locais durante os resgates, disponibilizou pátios e bolsões para recolhimento de veículos danificados para ajudar com a retirada de automóveis”, diz Marcio Probst. “Em sinistros de automóveis foram 120 casos e, logo após o ocorrido, foi implementado o plano de contingência com equipe dedicada de inspetores de sinistros e analistas para definição rápida do tipo de perda e indenização”, pontua.

O corretor de seguros e diretor da Regional Osasco do Sincor-SP, Eduardo Minc, conta que seis de seus segurados estavam no Litoral Norte na ocasião. “Dois estavam exatamente na Praia da Baleia, onde foi o epicentro da tragédia, e outros em praias ao lado. Assim que aconteceu a tragédia todos entraram em contato comigo, solicitando ajuda, tanto para poder sair de lá e retornar para suas casas, como para poder retirar seus veículos”, relata. “O trabalho da assistência 24h foi fantástico, todas as seguradoras foram incríveis, auxiliaram meus segurados em tudo. Tive um caso específico em que o segurado teve danos na residência dele no condomínio, mas o carro ficou intacto, mesmo assim ele pediu para a seguradora levar o carro dele, pois estava muito abalado para dirigir. Conversei com a seguradora, que usou o bom senso, e buscou o carro do segurado”, conta.

A vice-presidente do Sincor-SP e coordenadora da Comissão Intersindical, Simone Fávaro, diz que a atuação das seguradoras nas ocorrências da fatalidade foi elogiada formalmente. “Na última Intersindical parabenizamos todas as seguradoras pela dedicação e trabalho que realizaram no Litoral Norte no atendimento dos consumidores. Houve um grande engajamento das seguradoras, não só na preocupação de guinchar os veículos, mas na preocupação com as pessoas, de tirá-las dos locais de risco, de prover água, alimentos, medicamentos”, preservando a integridade. “Vimos uma grande união do mercado, não importava se o guincho era de uma seguradora e o veículo segurado de outra, todos se ajudaram”, enfatiza Simone.

 

Redução de riscos

O verão é uma época marcada por fortes chuvas que impactam a população anualmente, principalmente em cidades litorâneas. Uma frente fria avançou pelo litoral, provocando chuvas intensas que duraram vários dias. Além disso, o aquecimento das águas do mar contribuiu para a formação de nuvens carregadas que potencializaram as chuvas. A proximidade da Serra do Mar e a região montanhosa contribuiu para o agravamento das condições.

A região já vinha sofrendo com problemas relacionados ao crescimento desordenado, o que acabou contribuindo para a tragédia. Muitas construções foram realizadas em áreas de risco, como encostas de morros e margens de rios, aumentando a vulnerabilidade da região em casos de eventos climáticos extremos.

Diante do cenário que se dissolveu com o volume de chuvas registrado – atípico até mesmo para o período de temporais –, estar preparado para atuar em situações de emergência foi crucial, seja para as empresas envolvidas nos resgates e na contenção de danos, para as ações do Estado, ou até mesmo para a própria sociedade civil. “Para que no futuro as decorrências dos impactos climáticos não sejam tão prejudiciais para a população, o investimento em medidas de prevenção para a preparação da infraestrutura da cidade para lidar com situações adversas é fundamental, mobilizando as comunidades locais, e impreterivelmente, alertando visitantes e turistas para ter um maior cuidado e atenção nas áreas de risco de deslizamento”, diz Marcio Probst. “Além disso, se mostrou ainda mais importante ter um plano de contingência para esse tipo de situação. Um dos aprendizados dessa tragédia foi justamente as medidas adotadas em caráter de urgência, em que empresas direcionaram esforços e mobilizaram a equipe de prestadores para ampliar o atendimento nos locais de risco. É por meio desse tipo de trabalho de prevenção, preparação e capacitação de prestadores que podemos evitar maiores danos em casos de emergências que possam surgir futuramente”.

Anualmente, os eventos climáticos vêm aumentando e tornando-se mais severos. “Acreditamos na implementação e engajamento de todos (empresas, sociedade e governo) para a adoção de boas práticas sustentáveis de ASG (Ambiental, Social e Governança), que possam contribuir com a minimização de danos para as localidades e população”, aponta Leandro Bordon.

O setor de seguros também pode ajudar a sociedade ao fornecer informações que auxiliem na redução de riscos enfrentados pelos segurados. “Essas informações também podem ser compartilhadas com os segurados, permitindo que eles entendam melhor os riscos que enfrentam e tomem medidas para reduzir esses riscos. Por exemplo, uma seguradora pode fornecer informações sobre como reduzir os riscos de roubo em uma determinada área ou como evitar danos causados por inundações”, afirma Marcelo Sebastião.

As seguradoras têm estudos sobre localidades de maiores riscos, principalmente riscos climáticos. “Por meio da operação da Tokio Marine Assistência (TMA), acompanhamos as previsões meteorológicas das principais cidades do Brasil. Também estamos avaliando a possibilidade de estabelecer uma parceria com o serviço de meteorologia para ampliar esse monitoramento”, informa Adilson Lavrador.

“Acredito que o fato não irá implicar em aumento de preços, que as companhias já tenham se precavido em precificação, afinal de contas, não com essa gravidade, mas quase sempre no verão, seja na capital ou no interior, as coisas acabam acontecendo”, analisa Boris Ber.

 

Agentes do bem-estar social

Situações como essa exigem responsabilidade por parte das autoridades e evidenciam ações de solidariedade entre a própria população. “Vale destacar que diversas empresas do setor realizaram ações sociais importantíssimas na região, mostrando que temos que ajudar mesmo alguém que não tinha condições de contratar seguro, levando apoio humanitário para ajudar a superar este trauma”, diz o presidente do Sincor-SP.

Durante uma semana a Porto arrecadou alimentos, roupas e itens de higiene doados pelos colaboradores – ao todo foram 8 mil itens arrecadados. Uma parte dos prestadores da Porto Assistência entregaram diretamente no litoral e outra parte foi entregue para o Fundo Social de SP, que direcionou para o local.

A Tokio Marine aderiu ao movimento #Tamojunto, organizado pela ONG Gerando Falcões, por meio da doação de recursos financeiros que foram destinados à prestação de socorro às vítimas. Além da arrecadação de dinheiro, a iniciativa envolveu doação de itens de higiene, roupas e alimentos à população atingida.

A Liberty realizou uma doação para apoiar as ações realizadas pelo Instituto Verdescola, uma das maiores ONGs do litoral norte de São Paulo, que foi transformada em um hospital de campanha e um centro de acolhimento para mais de 500 pessoas atingidas pelas chuvas no epicentro da tragédia, na Vila do Sahy, em São Sebastião.

 

Algumas ações implementadas pelas seguradoras:

> Reforço e disponibilização da equipe de atendimento 24h, com estrutura especial, incluindo o envio de guinchos extras para a região do litoral norte de São Paulo;

> Atendimento a todas as solicitações de clientes. Neste caso, também auxiliaram não clientes, com o deslocamento dos veículos para local seguro até que os proprietários conseguissem solicitar atendimento a suas seguradoras;

> Remoção dos veículos para os pátios dos prestadores de serviço para a realização de inventário e realização de fotos;

> Disponibilização de vistoria digital;

> Priorização de todos os casos na regulação de sinistro, com time reforçado para analisar cada um deles. Alguns dos membros da equipe foram deslocados para a região;

> Veículos foram imediatamente direcionados para reparo ou tiveram o sinistro classificado como indenização integral, e a companhia comunicou o cliente sobre os documentos necessários para o recebimento da indenização.

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